terça-feira, 7 de agosto de 2012

Combate à desnutrição é desafio, diz brasileiro em missão ao Sudão do Sul

 

Imagem de 26 de julho mostra a sudanesa Akim Faha segurando a filha Tuna Osman em um dos hospitais de campo do Médicos sem Fronteiras no campo de refugiados de Batil, no Sudão do Sul (Foto: AFP)

A seguir, reportagem do G1: Campos de refugiados do país registram até 5 mortes de crianças por dia.
Temporada de chuvas aumentou casos de malária, diz Guilherme Gontijo. (Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/08/combate-desnutricao-e-desafio-diz-brasileiro-em-missao-no-sudao-do-sul.html)


mapa sudão do sul (Foto: Arte/G1)Todos os dias centenas de refugiados cruzam a fronteira entre o Sudão e o vizinho Sudão do Sul fugindo do conflito entre forças oficiais e rebeldes e da falta de alimentos. Muitos andam por semanas até chegar a quatro campos de refugiados que, desde junho, registram um número de mortes e desnutrição acima dos padrões internacionais de emergência.

Foi este cenário que o brasileiro Guilherme Simão Gontijo encontrou ao chegar, há um mês, para trabalhar em sua primeira missão na organização humanitária Médicos sem Fronteiras no país. Farmacêutico, ele trabalha na distribuição de medicamentos e alimentos terapêuticos para os campos de Doro e Batil, onde vivem mais de 34 mil refugiados.

“Cheguei no início da temporada de chuvas. Desde então, as estradas ficaram ruins, o que fez com que a entrega de mercadorias demorasse mais do que o normal. Também aumentaram os casos de malária. A gente está numa corrida grande para tentar identificar as pessoas com a doença”, contou ao G1, via Skype, o mineiro de Muriaé.

 
Antes do período chuvoso, segundo ele, os refugiados enfrentavam longos períodos de racionamento, com muitas famílias vivendo com apenas 7 litros de água por dia –o consumo normal é de cerca de 20 litros.

Além da malária, as chuvas também trouxeram outros problemas, segundo o brasileiro. “Não existe saneamento básico. As pessoas vão chegando e recebem tendas ondevão se abrigar. O MSF intensificou a distribuição de latrinas para diminuir a possibilidade de contaminação pela água, mas ainda é um problema muito sério.”

Como consequência, afirma o farmacêutico, aumentaram os casos de diarreia, infecções e doenças respiratórias, principalmente entre crianças desnutridas, mais suscetíveis à contaminação.

“Nosso objetivo é tentar reforçar o organismo dessas crianças para, então, poder combater estas doenças. Com a alimentação, elas ficam mais aptas a responder a um tratamento com antibióticos. No momento, o foco do MSF é combater a desnutrição”, afirma.

Desnutrição e mortesNum dos campos em que Gontijo trabalha, o de Batil, no estado de Alto Nilo, uma em cada três crianças está desnutrida, segundo relatório divulgado pela organização na última sexta-feira (3). O índice de desnutrição severa aguda, de 10,1%, é cinco vezes mais elevado que o patamar de emergência.

A situação é ainda mais grave no vizinho campo de Yida, que abriga os 55 mil refugiados no estado de Unity, o estudo realizado em junho e julho aponta uma média de cinco mortes de crianças por dia, a maioria por diarreia e infecções graves.
Imagem de 26 de julho mostra a sudanesa Akim Faha segurando a filha Tuna Osman em um dos hospitais de campo do Médicos sem Fronteiras no campo de refugiados de Batil, no Sudão do Sul (Foto: AFP)


“A maioria dos nossos pacientes em ambos os acampamentos são crianças desnutridas que ficam mais enfraquecidas quando têm diarreia, malária ou infecções respiratórias. Elas rapidamente entram em um círculo vicioso de doenças que podem levar a complicações e à morte. Nossas equipes médicas estão trabalhando sem parar em condições desesperadoras tentando salvar vidas”, relata o coordenador geral de MSF, André Heller-Pérache, no material divulgado pela organização.

Guilherme Gontijo descreve como o mais difícil em sua primeira missão lidar com mudanças na distribuição de alimentos e medicamentos para poder atender a uma população em um limite muito perigoso. "Neste tipo de missão temos que estar preparados para todo tipo de adversidade, saber lidar com prioridades. Às vezes ficamos com muito pouco [de ajuda humanitária], mas temos que conseguir atender todos de forma correta."

Mais jovem país do mundoMais jovem país do mundo, o Sudão do Sul se emancipou em 9 de julho do ano passado, após uma votação nacional prevista no acordo de paz que pôs fim à 21 anos de luta entre o governo do Sudão e os rebeldes do Sul – a mais longa gerra civil africana, que matou 2 milhões de pessoas e forçou o deslocamento de 4 milhões, segundo a ONU.

A separação, no entanto, não ajudou a situação do novo país onde, segundo a ONU, 90% da população é considerada pobre e uma em cada sete crianças morre antes de completar um ano.

6 comentários:

  1. A reportagem aborda sobre a verdadeira situação de dificuldades que circunda a África Subsaariana,assim é importante relembrar a ajuda recebida nessas regiões além de expressar os péssimos índices do desenvolvimento humano do país,fato que se repete em outras áreas pobres do continente africano.

    ResponderExcluir
  2. O texto e a imagem servem pra mostrar as pessoa que desperdiçam comida o quão é importante para essa população,gostei muito desse artigo!

    Mariana Actis-turma j

    ResponderExcluir
  3. O trabalho que os voluntários fazem é muito importante, mesmo que eles apenas ajudem a uma parte dessas pessoas, a solidariedade que eles prestam é fundamental. E o que esses médicos e vonluntários passam pra ajudar o povo é barra pesada! Eu assisti o filme que o professor Angel indicou( Amor sem escalas) e eu acho que ele retrata bem a realidade em que os refugiados convivem. Entre essas dififuldades a doação de medicamentos e alimentos é umas das coisas que mais se destaca.É muita gente ferida e com fome.
    Iara Carvalho n° 14

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Apesar de vivermos em um país com graves problemas sociais é importante a consciência de que, hoje infelizmente temos países com casos muito graves de miséria e desnutrição e é importante que TODOS os países que possam, não só os desenvolvidos mas também os subdesenvolvidos e os emergentes, ajudarem estes tais países como o Guilherme da reportagem, que apesar de ter nascido no Brasil, país que como dito anteriormente tem muitos problemas sociais, ajuda a pessoas no Sudão do Sul que está em uma situação muito mais grave, e apesar de ser difícil todo este trabalho ele ainda assim não desiste de ajudar-los.

    Vitor Mattedi Carvalho 33 - 8J

    ResponderExcluir
  6. Isso apenas confirma que, ao invés de jogarmos comida fora, podemos dar aos que precisam. E, que por mais dificil que seja a situação, não devemos desistir e continuar tentando!

    Maria Fernanda 18

    ResponderExcluir