quarta-feira, 23 de maio de 2012

Costumes africanos – Circuncisão feminina

Segue um artigo sobre as características da mutilação genital feminina, um ritual praticado em países africanos e do Oriente Médio. Mesmo sendo um costume da região, a circuncisão evidencia que certas práticas culturais não devem mais existir nos dias de hoje, tendo em vista o sofrimento que causa para as jovens envolvidas no processo.



MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA: PRÁTICA CULTURAL OU ANIQUILADORA DA DIGNIDADE?

Introdução: Essa prática brutal atinge, diariamente, 6.000 mulheres em pelo menos 28 países da África (onde, a depender da região, os requintes de tortura variam de intensidade), alguns países do Oriente Médio (como Iêmen, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Omã), alguns países asiáticos (Índia, Indonésia e Malásia) e também em algumas comunidades emigrantes nos países latino-americanos, europeus, no Canadá e nos Estados Unidos.

Justificativas: São inúmeras as justificativas para a prática da circuncisão feminina. A primeira e mais comum é a tradição, já que esta crença é absorvida pela população de tal forma que os pais, ao circuncidarem suas filhas, estão convencidos de que estão fazendo o melhor pra elas. Segundo uma pesquisa realizada entre mulheres egípcias que sofreram esse tipo de mutilação, elas não possuíam, em geral, curso superior e suas famílias eram de padrão socioeconômico baixo.
A segunda e mais usada justificativa é a religião, particularmente o Islamismo. Outras razões sustentadas para a manutenção deste ritual são: a preservação da virgindade da menina até o casamento; a proteção da honra da família e a garantia da legitimidade dos descendentes; a redução do desejo sexual da mulher, tornando-se uma esposa mais dócil e menos propensa à promiscuidade (impossibilitando o orgasmo); a higiene; o fator estético; a aceitação das jovens como esposas; a questão da saúde; a garantia de fertilidade e a elevação do status social da mulher.
                           
Procedimento: A mutilação genital feminina pode ser vista sob três níveis de intensidade. A mais amena das formas é conhecida como cliteridectomia que consiste na remoção da pele que se sobrepõe ao clitóris. Nos países onde se faz presente esta prática, ela é chamada de "Sunnah". A excisão por sua vez é referente à remoção do clitóris em sua totalidade e ainda dos pequenos lábios.
A mais cruel das mutilações é denominada infibulação e é composta não apenas pela remoção clitoriana e dos pequenos lábios como também pela retirada de parte dos grandes lábios, seguida por um processo de costura das laterais vaginais deixando apenas uma pequena abertura para a passagem da urina e da menstruação. Em muitos casos, a costura é substituída pelo suo de espinhos que unem os lábios. Neste caso. a mulher deve permanecer por até 40 dias com as pernas amarradas.
Os rituais são efetuados muitas vezes sem anestesia local, usando apenas água fria para intumescer o local. Os instrumentos usados não são sujeitos a nenhum tipo de esterilização e podem variar entre tesouras, cacos de vidro, facas, giletes, tampas de latas e navalhas.

Consequências: O parto realizado por mulheres vítimas do costume pode ser muito doloroso e complexo, tanto para a mãe quanto para a criança. A reabertura da vagina, necessária nesta ocasião, pode atingir o feto de forma fatal, já a não reabertura pode causar cortes que vão da vagina até o ânus no momento da saída do feto. Os efeitos que surgem dessa ação são estritamente direcionados à maneira como é praticada: sem higiene ou anestesia. Dor, hemorragias, febre, tétano, retenção de urina, sangramento nos órgãos adjacentes; eis alguns dos sintomas mais freqüentes. Podem surgir ainda, posteriormente, cicatrizes malignas, infecções urológicas crônicas, complicações obstétricas, obstrução do fluxo menstrual e problemas psicológicos e sociais.
Somente após a dilatação gradual e dolorosa da abertura que resta é que se pode ser concebida a primeira relação sexual. Ao longo do tempo, a mulher pode experimentar infecções pélvicas tão fortes a ponto de causar bloqueio das trompas de Falópio causando até mesmo infertilidade.

Proibição: Na Etiópia (um dos países que lidera o ranking da M.G.F.) o governo extinguiu a prática na sua constituição, na qual proíbe leis e costumes que venham a oprimir ou causar danos físicos e mentais às mulheres. Como exemplo, pode ainda ser citada a Costa do Marfim, onde foi proposta uma lei para banir o ritual. Em 1997, foi decretado pelo Ministério da Saúde o fim à circuncisão feminina tendo este decreto total apoio do Conselho Supremo do Egito. É justificável a manutenção desta prática, visto que esta fere as premissas constitucionais na grande maioria dos países onde ocorre?
Oportuno se torna dizer que, apesar de todas as proibições, o costume é praticado com amplo consenso social. Acordos ou legislações internacionais ainda não são suficientes para derrubar os valores que estão enraizados nos corpos e nas mentes de milhões de mulheres e homens em todo o mundo. Por trás deste ritual, existe uma série de razões culturais que "justificam a legitimidade" da prática. Uma mulher etíope mutilada, por exemplo, acredita que foi a cirurgia o instrumento que a permitiu casar-se, ter filhos, etc. Trata-se, portanto, de uma cultura onde a mulher que não é extirpada, não é aceita e respeitada socialmente.

Para ler o artigo completo, acesse: http://www.webartigos.com/artigos/mutilacao-genital-feminina/13249/

Por: Mariana, nº 20


Um comentário:

  1. Olá, pessoas da J. Existe um filme excelente sobre a mutilação feminina na África. Aqui vai um site onde vocês podem ver um pouco sobre o filme. É baseado em uma história real.
    http://www.adorocinema.com/filmes/filme-138826/
    Parabéns pelo blog.
    Bárbara

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